quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

6.

            - Isabel, tens um vestido vermelho que me emprestes?
            - Acho que tenho, amanhã trago para tu experimentares, ok?
            - Ok, obrigada, é que eu não tenho nenhum e preciso de um para a minha personagem do teatro.
            - Pois é, e eu preciso de umas collants e uns sapatos vermelhos e ninguém tem.
            - Eu posso ver o que tenho para lá.
            - Obrigado.
            Entre trabalhos, passeios, conversas, aulas, brincadeiras e estudos, já o primeiro período estava quase no fim, só faltava a festa de natal que tinha sido organizada pela escola, onde todas as turmas vão participar.

*****

Era o dia da Festa de Natal.
            Para grande azar da Maria, um dos professores ajudantes era o de Matemática; ao professor José tinha sido entregue o papel de orientar os alunos nas entradas e saídas de palco.
            A Maria estava muito nervosa e quando descobriu que o professor estava do lado onde ia fazer as suas entradas, ainda ficou mais. Ela passou a actuação toda ao lado do professor, quando acabou a actuação, estava farta daquele olhar e a sentir-se um bocado mal disposta, alguns colegas até chegaram a perguntar se estava bem, enquanto respondia que era dos nervos pensava que tinha que esclarecer aquela situação.

*****

            - Ó Isabel… - disse Maria com desanimo.
            - O que se passa?
            - Eu tenho que resolver isto.
            - Resolver o quê?
            - Isto do prof.
            - Ó Maria, isso não é nada…
            - Pois, o Miguel disse o mesmo.
            - Então não te preocupes.
            - Pois, não vale a pena. Por falar nele… - disse Maria mudando de assunto – ouvi dizer que andas a sair com o Miguel…
            - E se andar? O que é que tem? Não somos amigos? – questionou Isabel.
            - Ei, eu não insinuei nada. Só gostava de saber se é verdade. – esclareceu a Maria.
            - Sim, eu ando a sair com o Miguel, mas somos só amigos.
            - Eu não disse que não eram, mas…? – Maria nem teve tempo de acabar.
            - Foi ele que me convidou primeiro, mas eu gostei de sair com ele e depois convidei-o eu. E tem sido assim ora convido eu ora convida ele.
            - Muito bem. Mas são só amigos. – brincou Maria.
            - Ó Maria, não comeces.
            - Pronto, já não digo mais nada.
            - Acho bem.

*****

            - Férias, finalmente… - desabafou o Hugo.
            - Preferia que não fossem. – comentou a Raquel.
            - Então porquê? – quis saber o Hugo.
            - A mãe vai matar-me quando vir as notas.
            - Ó Raquel, de certeza que não são assim tão más e tens mais dois períodos para recuperar. – optimizou a Maria.
            - É Raquel, a Maria tem razão. – reforçou o Hugo.
            Estavam os três sozinhos em casa na noite do ultimo dia de aulas antes do Natal, os pais tinham ido jantar fora e não sabiam a que horas voltavam, tinham deixado jantar preparado para eles e eles estavam a descontrair e a aproveitar a liberdade que lhes tinha sido concedida.
            - Ah, é verdade, muitos parabéns Maria! – felicitou a Raquel.
            - Parabéns? Porquê?
            - Pela bela representação que fizeste hoje, lá na festa.
            - Ah, isso, obrigado Raquel. – agradeceu Maria ficando muito vermelha – Tu também estiveste bem.
            - O que foi Maria? Ficaste tão vermelha de repente. – reparou o Hugo.
            - Não é nada, é só que me lembrei de uma coisa que se passou nos “bastidores”. – esclareceu Maria lembrando-se do professor – E não, não vou contar o que foi.
            - Ok. – conformou-se Hugo, não conseguindo esconder a curiosidade no seu olhar.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Uma possível Maria para a nossa história. Digam se gostam, se não gostam, comentem e continuem a seguir a história...
Beijinhos,
Joana

terça-feira, 23 de outubro de 2012



5.

            Aula de Matemática, estava a tornar-se difícil suportar o olhar do professor e o seu estômago estava a começar a andar às voltas. Toca para sair, saem todos mas o professor pede a Maria para ficar mais um pouco, Maria sentiu-se verdadeiramente mal. Quando saíram todos o professor mandou a Maria sentar-se, ai tirou qualquer coisa da mala, que colocou em sima da secretária, mas Maria não conseguiu ver o que era. O professor avançava para ela…
            - Uff, que raio de sonho foi este… - Maria tinha acordado mal disposta e muito transpirada. – Esto está a fazer-me mal. – pensou.
            Maria não conseguiu dormir mais o resto da noite, tinha sido um sonho verdadeiramente estranho.

*****

- Isabel, preciso de falar contigo.
- Depois das aulas, pode ser? – propôs Isabel.
- Pode ser quando quiseres, só tem que ser hoje. – informou Maria.
- Maria, acalma-te, estás tão nervosa. Assim o professor vai achar que se passa alguma coisa grave.
            - E passa, e o problema é mesmo o professor.
            - O quê, outra vez a história do olhar e isso?´
            - Desta vez é muito estranho…
            - Ok Maria, mas tem que ser depois da aula.
            - Claro, dentro da aula não pode ser, de certeza.

*****

            - O que foi Maria?
            - Eu sonhei com o prof.
            - Um sonho? E o que é que isso tem Maria?
            - Foi mesmo esquisito, foi assim… - e Maria lá contou o seu sonho – E não sei como acabava porque acordei.
            - Ó Maria, isso não é nada. Se calhar ia só entregar-te uma ficha ou um teste.
            - Não me parece…
            - Olá meninas. Por aqui outra vez? – era o Miguel.
            - Sim, a praia é um sitio bom para nos acalmarmos e para pormos as ideias no lugar. – respondeu Isabel olhando para Maria.
            - E do que estavam a falar? Posso saber?
            Depois de uma troca de olhares e de um pouco de hesitação, Maria respondei:
            - Do professor de Matemática.
            - Mas porquê? – perguntou Miguel percebendo que a resposta não era objectiva.
            - É que… - Maria ia dizer qualquer coisa mas optou por dizer a verdade – Ok, eu explico.
            - Maria, eu tenho que ir embora. – informou Isabel.
            - Ok, eu fico aqui, xau.
            - Xau, até amanhã.
            Isabel foi-se embora e Maria contou ao Miguel o que se estava a passar, ai, quando compreendeu tudo, Miguel achou o mesmo que Isabel:
            - Isso não é nada, é só impressão tua, e esse sonho não é nada de especial, vais ver.
            - Pois, não é nada.
            - Assim é que é falar. Queres ir beber alguma coisa?
            - Pode ser, para tirar isto tudo da cabeça.
            O que estará a acontecer a Maria?

quinta-feira, 10 de maio de 2012


4.

            - Que me dizes de irmos dar uma volta depois das aulas? – perguntou Maria a Isabel.
            - Pode ser. – concordou Isabel.
            - Ainda bem, é que estou mesmo a precisar de falar. – afirmou Maria.
            - Bem me queria parecer que sim.
            - Meninas, chega de conversa. – repreendeu a professora de História.
            - Desculpe professora. – disseram em coro.

*****

            - Que foi Maria, o que é que se passa nessa tua cabecinha? – perguntou Isabel.
            Assim que saíram das aulas Isabel e Maria tinham ido dar uma volta até à praia.
            - Há uma coisa que me está a preocupar. – começou Maria.
            - O que é então?
            - Tu não achas que o prof de matemática me olha de uma maneira estranha. – confessou.
            - Nunca reparei nisso, mas acho que não, porquê? – espantou-se Isabel com a pergunta.
            - É que eu acho que sim e …
            - Ó Maria, isso é só impressão tua e se calhar olha-te de maneira diferente porque é nova na turma.
            - Pois, se calhar é isso…
            - Não te preocupes com isso…, mudando de assunto… como vai isso de amores?
            - Nada de especial… E tu?
            - Também nada… mas aquele rapaz novo que está na outra turma do 9º ano é uma brasa. – observou Isabel.
            - Podes crer que sim. – concordou Maria soltando um risinho agudo.
            E lá foram caminhando pela praia falando de tanta coisa e tão distraídas que, chocaram contra um rapaz que ia na direção contrária.
            - Desculpa. – apreçou-se a dizer Maria.
            - Não, desculpem eu. Ia tão distraído que nem vos vi. – desculpou-se o rapaz.
            - Ó e nós íamos tão entretidas a conversar que também não te vimos. – explicou Isabel.
            - Deixem lá, já passou. Eu sou o Miguel. – apresentou-se ele.
            - Eu sou a Maria.
            - Isabel.
            Dai começaram a falar e a conhecer-se melhor.
            - Bom, já que a conversa está tão boa, não querem ir beber um sumo ou assim? – convidou Miguel – Pago eu.
            - Parece-me uma boa ideia. – disse Isabel olhando para a Maria.
            - Então bora. – incentivou Maria.
            E lá foram, estiveram o resto da tarde a falar e a brincar e, afinal, ficaram grandes amigos.

*****

            - Então filha onde estiveste? Perguntou Roberto.
            - Desculpa não ter avisado que vinha mais tarde, só que fiquei sem bateria no telemóvel. – respondeu Maria desculpando-se.
            - Ok, mas onde estiveste? – insistiu o pai.
            - Fui dar uma volta com a Isabel depois das aulas. – explicou.
            - Muito bem, desta vez passa. – informou o pai.
            - Obrigado, pai. – disse Maria deslocando-se para o seu quarto.
            Maria tinha o abito de escrever um diário e assim que entrou no quarto sentou-se à secretária e escreveu tudo o que se tinha passado nessa tarde.
            Enquanto estava a escrever o Hugo entrou.
            - Olá, maninha.
            Maria deu um salto na cadeira.
            - Bolas Hugo, assustaste-me.
            - Desculpa, não era minha intensão.
            - Deixa lá, eu é que estava tão entretida a escrever que não dei por tu entrares.
            - Estás a escrever no diário, não?
            - Como é que sabes?
            - Eu sei tudo o que quero, mas não o li, não te preocupes.
            - Muito esperto me saíste tu.
            - Mas para estares a escrever é porque se passou alguma coisa hoje à tarde.
            - Sim passou. E?
            - E? E nada é só que eu sou curioso, sabes?
            - Pois, mas daqui não levas nada. – disse Maria fazendo-se de forte.
            - Nem uma coisinha que seja? – implorou Hugo.
            - Estava no gozo. Não aconteceu nada de especial, só conhecemos um rapaz lá na praia.
            - Só? Até parece que eu não sei como vocês raparigas são, e para tu estares a escrever… ui, ui.
            - Deixa de ser parvo. Ficámos só amigos, mais nada e alem disso eu não estava sozinha.
            - Pronto desculpa…
            - Meninos, venham jantar. – ouviu-se a voz da Paula ao fundo da escada.
            - Vamos?

quarta-feira, 9 de maio de 2012



3.

            - Hoje vou ao cinema com o Chico. – informou Margarida.
            - Isso vai mesmo bem, está visto. – observou Natália.
            - Pois vai. Ai, ai… - suspirou.
            - Maria, olha lá o que é que são os TPCs de matemática? – perguntou Isabel – É que eu esqueci-me de apontar.
            - De Matemática? – perguntou Maria nervosamente.
            - Sim, de matemática…
            - Acho que é os exercícios da página 9 do manual.
            - Obrigado.- então sussurrou-lhe – Está tudo bem?
            Maria acenou que sim com a cabeça e foi tentando participar na conversa para não parecer muito distraída.

*****

            Maria e Isabel iam sempre juntas para casa. Muravam perto uma da outra por isso iam quase todo o caminho juntas.
            - Maria, o que é que se passa? – quis saber Isabel quando iam para casa.
            - Nada, porquê? – respondeu Maria.
            - Não sei, hoje ficaste estranha quando te perguntei pelos TPCs de matemática.
            - Ah, isso. Não foi nada, só não estava à espera. – mentiu Maria.
            -Ah, ok… - convenceu-se Isabel.
            - Uff, já me safei desta. – pensou Maria.

*****

            - Hugo, ajudas-me com estes trabalhos de casa? – pediu Raquel.
            - Sim, mostra lá. – respondeu Hugo.
            - Que estão a fazer? – quis saber Maria que entrara na sala.
            - Trabalhos de casa. – informou Raquel.
            - Isso está mal. – disse a Maria sentando-se ao lado deles e observando o exercício.
            - Está mal, onde? – perguntou Hugo feito convencido.
            - Aqui…
            - Como? Explica lá isso. – pediu ele.
            - Sim, explica lá. – pediu também Raquel.
            - Vocês não percebem nada de português, pois não? – perguntou Maria olhando para as suas caras de ponto de interrogação.
            - Não. – responderam em coro.
            - Então é assim… - Maria lá fez as suas explicações e achou que tinham compreendido – Uma missão bem sucedida. – pensou.

*****

             - Não te sabia tão entendida em português. – meteu Hugo.
            Estavam no quarto de Maria. Maria estava a trabalhar num projecto da escola, Hugo estava sentado na borda da cama a tentar meter conversa.
            - Gozas, não? É uma das disciplinas em que tenho melhor nota. – esclareceu Maria.
            - Cério? Não sabia. – disse Hugo um pouco surpreso.
            - E tu? Em que disciplina és melhor? – perguntou Maria curiosa.
            - Nunca tive uma a que fosse realmente bom. Só em educação física é que eu me destacava mais. – disse Hugo deitando-se na cama.
            - Pois, nota-se. – elogiou Maria.
            - Obrigado, maninha. – picou ele.
            - Vá lá Hugo, não estragues a conversa. – pediu ela.
            - Ok. – retorquiu ele – Sabes, vou contar-te uma coisa.
            - Força, desembucha. – disse ela indo para junto dele.
            - Eu gosto de uma rapariga “proibida”. – confessou.
            - Proibida? Explica-te lá. – pediu ela.
            - Eu gosto dela mas não posso, ela está fora do meu alcance.
            - Hugo, preciso de uma mãozinha. –ouviu-se a voz de Paula vindo das escadas.
            - É melhor ires.
            - Pois, é melhor. – observou ele dando um pulo para o chão e indo ter com a mãe.
            - Quem será a rapariga? – pensou Maria, tinha ficado curiosa.

quarta-feira, 7 de março de 2012



2

      -Queres ir ao cinema, logo à noite? – convidou Hugo
      -Convences o meu pai? – perguntou Maria
      -Podemos sempre tentar. – respondeu Hugo
      -Se conseguirmos convence-lo vou. Já agora que filme é?
      -Só sei que é uma comédia romântica. – explicou ele
      -Boa, mesmo o que eu gosto…
      Já tinha passado a primeira semana de aulas, era fim de semana e queriam libertar toda a tenção que tinha sido a primeira semana de aulas e tinham que aproveitar agora que ainda tinham algum tempo livre.
      -Pai, posso ir ao cinema com o Hugo, hoje à noite? – perguntou Maria um pouco a medo
      -Roberto levantou os olhos do jornal e disse:
      -Filha, as aulas já começaram, não posso admitir deslizes.
      -Pai, ainda só vamos na primeira semana de aulas e já fiz os trabalhos de casa. Deixa lá. – replicou
      -Deixa-os lá ir, ainda só estão no início das aulas. – pediu Paula com ar enternecedor.
      -Vá, vão lá, mas não cheguem muito tarde. – autorizou Roberto
      -Boa, obrigado pai. – agradeceu Maria, dando-lhe um beijo


*****

      -Até logo. –despediram-se eles
      -Vá, portem-se bem. – disse Paula
      -Não cheguem tarde. - relembrou Roberto
      -Sim. – disseram eles saindo para a rua
      -E lá foram para o cinema. Mas Maria ia estranhamente calada…
      -Maria, está tudo bem? Vais tão calada. – perguntou Hugo
      -Está tudo bem, só não tenho muita vontade de falar. – respondeu Maria
      -Se tu o dizes, eu acredito, mas se quiseres contar… - Hugo sabia que se passava alguma coisa
      -A sério, não se passa nada. – insistiu ela
      -Ok, já não digo mais nada.
      Mas Maria sabia que não estava tudo bem, parecia-lhe que o professor José Marques de matemática a olhava de maneira estranha.
        por eu ser nova na turma. – pensou ela, mas ao mesmo tempo isso preocupava-a e até a assustava um pouco, mas não foi capas de dizer uma palavra que fosse sobre o assunto.
      O filme tinha sido muito bom e divertido e não chegaram muito tarde a casa. Quando chegaram os pais já estavam a dormir e a Raquel também por isso não havia mais a fazer, se não, dormir. E lá se deitaram, Hugo adormeceu logo mas Maria não conseguia dormir, aquele olhar do professor, estava a incomoda-la…

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

1
      Maria é uma rapariga de 14 anos, acabada de mudar para Albufeira com o pai Roberto, a "madrasta" Paula e os seus filhos Hugo de 16 anos e Raquel de 12 anos.
      Maria conquistou um bom grupo de amigas, a Isabel, A Margarida e a Natália, tem boas notas e quando pode, vai visitar a mãe Amália e a irmã Cândida ao Alentejo de onde se mudou.

*****

      -Maria, são horas de levantar! Tens que ir para a escola. - chamou Paula.
      Já ia começar outra vês um novo ano lectivo. Nos últimos tempos a vida de Maria tinha mudado muito, o pai tinha levado lá para casa a namorada e os filhos dela, a principio foi difícil mas depois foi-se habituando; tinham ido viver para Albufeira e agora quase não via a mãe e a irmã, de resto fez novos amigos, escola nova, novos professores... mas Maria já os conhecia, ainda ido umas semanas às aulas, em Albufeira, antes das férias de verão.
      -Maria, vá lá, levanta-te, se não vais chegar atrasada!- suplicou Paula
      -Ok,ok, estou a ir...- resmungou Maria ainda ensonada.
      Maria, saltou da cama, tomou um duche rápido e desceu para tomar o pequeno almoço.
      -Bom dia, seja bem aparecida!- cumprimentou o pai.
      -Bom dia, pai.- disse Maria.
      -Bom dia maninha.- cumprimentou Hugo que acabava de entrar na cozinha.
      -Já disse que não sou tua maninha.- replicou Maria
      -Que bom humor logo de manhã, maninha.- observou ele.
      -Hugo...- disse Maria quase a gritar.
      -Hei, hei. Brigas logo de manhã não, por favor.- pediu Paula.
      -Desculpa mãe.- disse Hugo dando-lhe um beijo na face.
    -Bolas, já estou atrasada.- observou Maria olhando o relógio- Tenho que ir, chau.- disse Maria agarrando numa fatia de pão para comer pelo caminho.
      -Boa sorte, maninha.- disse Hugo com olhar trocista.
    Enquanto Maria fazia um sprint para ainda chegar a horas, as suas amigas já estavam em amena cavaqueira.
      -Estas férias foram o máximo.- comentou Margarida.
      -Então, que foi, que aconteceu?- quis saber Natália.
      -Vocês nem imaginam. Eu namoro com o Chico.- anunciou Margarida.
   -Não posso! O Chico, o Francisco? Aquele rapaz todo desportivo que conhecemos na praia?- questionou Isabel.
      -Esse mesmo. Ele é tão lindo, é um doce comigo.- descreveu ela.
      Entre tanto tocou a campainha para a entrada.
      -Olhem lá, onde é que estará a Maria?- perguntou Isabel que se tinha tornado a sua melhor amiga.
      -Não sei, liga-lhe. Pode ser que descubras.- respondeu Natália em tom de brincadeira.
      Mesmo quando Isabel ia ligar, a Maria chegou, esbaforida e transpirada.
      -Bolas miúda, que te aconteceu?- perguntou Isabel.      -Atrasei-me, por isso, tive que vir a correr para ver se chegava a horas.- explicou Maria, ainda sem folgo.
      -Chegas-te mesmo a tempo, vamos entrar.- disse Margarida apontando a Diretora de Turma.
     E lá foram, era o 1º ano com aquela Directora de Turma, por isso era o 1º ano que ouvia aquele discurso, os outros estavam tão fartos, já era a 3ª vez que ouviam o discurso, todos os anos era igual, a professora Joaquina Mendonça até era boa professora mas já fartava... e lá falou do comportamento, do empenho e por ai adiante como qualquer professor faria.

******

      -Então, como te correu o dia?- perguntou a Raquel quando Maria chegou a casa.
      -Bem. Apesar de haver Teste de Diagnóstico.- respondeu Maria.
      -Olá maninha já chegaste?- brincou Hugo.
      -Não, ainda estou lá na escola.Tu és mesmo parvo Hugo.-brincou Maria sarcasticamente.
      -É pá, já não posso dizer nada que levo logo nas orelhas.
      -Também fizeste testes de Diagnóstico, foi Maria?- perguntou Raquel.- Os meus correram muita mal. Já não sabia nada daquilo.
      -Sim, e olha que os meus não devem estar muito melhores.
      E lá continuaram a conversar, conversaram sobre professores, sobre alunos e o Hugo assistia calado, estava vidrado naquela silhueta, não conseguia deixar de pensar, não conseguia deixar de olhar, aquela voz, aquele cabelo, aquela maneira de ser, deslumbravam-no desde o primeiro dia.